terça-feira, 20 de maio de 2014

J

Chamemos-lhe J.
J nunca acreditou em Deus. Quando teve autorização para começar a decidir o destino que queria dar à vida, uma das primeiras coisas que fez passou por cortar na missa do domingo. Nunca compreendeu como é que alguém - nem mesmo o sacristão - podia trocar emoção de um duelo entre Senna e Prost naqueles loucos inícios dos anos 90. Com 12 anos e os primeiros pelos púbicos a desenvolverem-se, mandou Jesus e Maria às urtigas. O herege filho da mãe estava a desafiar Deus a aplicar-lhe um castigo decente. A mãe avisava-o. O pai, boémio, não queria saber, nem do filho nem da missa. Para ele, a vida era só medronho e Benfica.
J foi crescendo. Começou a relacionar-se com gente pouco aconselhável. Passadores, amigos do alheio e carochos. Tudo piratas.
Ao contrário do progenitor, que tinha perdido para o medronho uns anos antes, não gostava de álcool. No máximo, umas cervejas e vinho branco. A convivência com a pirataria do bairro e arredores tinha-o levado a experimentar muita coisa: charros, pastilhas, ácidos e coca, sempre em períodos curtos. A droga já tinha levado P, o seu melhor amigo. Começou pelos charros e acabou na heroína. Ou melhor! A heroína acabou com ele. Não que J tivesse medo de morrer, mas era claustrofóbico. Dentro dele, havia algo que não descartava a existência de uma entidade superior. Aquela que lhe ia cobrar mais de 30 anos de heresias, metade deles de idas às putas, o seu maior vício até há uns tempos. Se houvesse vida para além da morte, J temia não ser capaz de se libertar, ainda que em espírito, de uma urna e umas boas dezenas de quilos de terra por cima.
Há anos que J tinha estabelecido uma rotina. Era a forma de garantir que a vida não se lhe escapava por entre os dedos. Depois da jorna, de onde saía ao final da tarde, seguia para aquela espécie de casa onde vivia. Belinha estava à sua espera com o jantar pronto. Em casa e no trabalho, era uma mulher competente. Depois... depois cada um ia à sua vida. Ele, como bom proxeneta que era, ia estar de olhos nas ruas da sua influência em mais uma noite extra-laboral. Ela, meretriz vivida, ia ganhar mais uns cobres, os últimos naquela profissão. Estava na hora de parar, "de deixar de se sentir suja", comentou um dia.
J não retaliava. Também ele queria parar. Queria dizer a Belinha que ela era a mulher da sua vida e que queria montar um negócio digno num lugar calmo onde pudessem criar, felizes, os filhos que ainda haveriam de ter. Mas J tinha-se habituado a sobreviver escondendo emoções. As emoções tornam um homem fraco. Toldam-lhe o raciocínio e tiram-lhe o discernimento. E na vida de J, um gajo fodido, não havia espaço para lamechices.

(A vida de J não termina aqui)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Jornalismo alcoólico

Nos últimos dias soube-se que o grupo Cofina vai começar a fazer testes de alcoolemia aos seus funcionários. Para o grupo Cofina, detentor de respeitáveis títulos como o Correio da Manhã, a TVGuia e a Flash (a Sábado, o Negócios e o Record ainda vão pertencendo a outro ecossistema), é mais importante saber se um jornalista bebeu ao almoço do que zelar pelo interesse público do jornalismo que é praticado naquele grupo.

Ferreira Fernandes, jornalista conceituado, lembrou esta sexta-feira, no seu espaço de opinião no DN, a capa que o Correio da Manhã (uma referência ética, sem dúvida) fez no dia anterior. Ao que parece, o progenitor do jogador do Sporting, Carlos Mané, é traficante. Por isso, toca de fazer manchete com o Carlos Mané, que é filho de um traficante, à semelhança de muitas outras centenas ou, sabe-se lá (?), de milhares de jovens neste país.

Escreve ainda Ferreira Fernandes que as manchetes deste jornal são alcoólicas e que são produzidas por jornalistas sóbrios. Ora, se os jornalistas estão sóbrios quando fazem este tipo de manchetes, então o caso é mais grave: não se pode culpar a garrafa de tinto que (não) beberam ao almoço nem o mata-bicho de (não) puseram goela-abaixo logo pela manhã pelo jornalismo de sarjeta que ontem teve direito a manchete no jornal mais vendido em Portugal.

Eu cá, continuo a acreditar que só mesmo com um pifo dos antigos em cima é que um jornalista é capaz de esgalhar - mandar fazer ou dar luz verde para publicar - um texto daqueles. É preciso coragem que não se tem quando se está sóbrio.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um pouco sobre mim

Como a grande maioria das 7 mil milhões de almas que habitam este pedaço de terra e mar tenho dificuldades em lidar com a crítica. Houve tempos em que o sangue me subia à cabeça. Em que cerrava os dentes para evitar que o vernáculo jorrasse sem pedir licença. E às vezes saía.

Com 25 anos (e poucos anos fazem muita diferença quando somos novos), aprendi a domar alguns defeitos de carácter. Do filho da puta do gajo que ousou apontar-me defeitos, passei a questionar-me, embaraçado, por que é que insisto em cometer os mesmos erros. Aquele sujeito continua a ser um filho da puta mas reconheço que, se calhar, é um filho da puta com razão.
Talvez um dia deixe de o considerar como tal.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Senhor Coluna

Tive o privilégio de entrevistar Mário Coluna nos primeiros meses de 2011, algumas semanas antes de se assinalaram os 50 anos da primeira Taça dos Campeões Europeus ganha pelo Benfica. Falei com a sua filha, Lourdes, que me cedeu o contacto do pai, a viver no bairro de Sommerschield, em Maputo. Como a conversa ia ser longa, liguei previamente para o senhor Coluna, para agendar a entrevista. Identifiquei-me ao Monstro Sagrado. Ele, que já era sagrado no Benfica antes de Eusébio se dar a conhecer a Portugal e ao mundo. Combinámos a entrevista para o dia seguinte, às 15 horas de Portugal, mais duas (salvo erro) em Moçambique. «Obrigado, senhor Coluna. E até amanhã.»
Lembro-me que dois colegas de redacção se riram de mim. Da minha reverência para com o senhor Coluna. «Senhor» era a palavra que lhes causava uma certa espécie. Ora, se Eusébio sempre tratou Coluna por «senhor», quem era eu para lhe chamar Mário? Ou simplesmente Coluna?
Durante a entrevista, perguntei ao senhor Coluna como estava de saúde. Respondeu-me que o coração estava bom e que só tinha dores quando havia mudança de tempo. 

Desde domingo que o senhor Coluna travava mais uma batalha. Foi a última.

Em baixo, a entrevista publicada na edição 606 da revista Focus, resultado de uma conversa de uma hora e meia ao telefone.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O (des)controlo da vida

O 28 Minutos de Vida, com José Alberto Carvalho e Manuel Forjaz, é um daqueles programas televisivos capazes de arrepiar até o ser mais insensível. Porque, através da imagem daquele homem, aprendemos que a vida não passa de um pórtico. Abre-nos e estorva-nos os caminhos. Baralha-nos os planos. Sacode-nos a qualquer instante. É aí, então, que o que damos por garantido se torna inverossímil. E que tudo adquire um novo sentido nas nossas vidas.

Manuel Forjaz é um homem aparentemente forte. Não fosse o facto de sabermos que é um homem gravemente doente e arriscaríamos dizer que era um indivíduo cheio de saúde. Seguro nas palavras e sem medo do futuro. Nem da morte.

Ao ver o segundo programa, há cerca de duas semanas, fui projectado para uma conversa que mantive em Dezembro com alguém que batalha até ao fim dos seus dias contra uma outra doença, não tão sacana para o corpo, mas altamente impiedosa para a mente. Como o Forjaz, J. não faz planos para o futuro. Já os fez, mas descobriu que é impossível prever onde está o penhasco da vida. O lugar, a data e a hora em que todos vamos cair dele abaixo.

Todos os dias, J. dá mais um passo. Um passo que o aproxima do fim. Que pode chegar amanhã ou dentro de 20 anos. Como Forjaz, também ele vive rodeado de fantasmas. Na impossibilidade de os fechar num baú, ou de os sacudir para bem longe, aprendeu a viver com eles. Convida-os para jantar, abre-lhes a porta de casa e partilha com eles o guarda-chuva. São eles que o lembram do homem que já foi. Do homem que deixou de ser, mas que ainda habita dentro dele. Um alter-ego recalcado, empedernido, sedento de regressar à superfície e retomar o controlo da vida de J.

Mas J. tem armas para o combater. Todos os dias vence uma batalha. Já lá vão sete anos. Mais de 2500 batalhas, portanto.

"Deixei de pensar no futuro. Na viagem que vou fazer daqui a um ano, no próximo carro que vou comprar ou no que vou comer no dia a seguir. Pensar no futuro deixa-me inquieto, em guerra comigo próprio. Não tenho medo do futuro. Sei qual vai ser o meu e vivo bem com essa certeza", disse-me sem pestanejar. Permaneci em silêncio durante a maior parte da conversa, a escutar a aula que aquele homem me estava a dar. Mais valiosa do que todos os neurónios que queimamos a ler livros sobre tudo menos o sentido da vida.

Nesse dia, conversei com ele durante cerca de uma hora. Despedimo-nos com um abraço. Senti que tinha levado um murro no estômago. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. J. deixou-me K.O, embalado pela contagem do juiz. Entrei no carro e conduzi-o, devagar, até Lisboa. Como ele, também eu evito pensar no futuro. Recuso-me a responder quando me perguntam como imagino a minha vida daqui a dez anos. Mas será por coragem?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Luciano, o sportinguista (?) inveterado

Luciano está um homem diferente. Hoje não houve notícias durante o dia. "Ao almoço tinha a televisão na SIC Mulher", conta um freguês. São 6 da tarde e a azia continua. Trocou o balcão, onde se movimenta como poucos, pela cozinha, onde finge estar ocupado, a pôr, lentamente, sobremesas em taças. Na sua ausência, é Caetano, o cozinheiro, quem avia a clientela.

Timidamente, Luciano sai da toca. "Parabéns, ganharam bem!", diz, sem tempo de lhe vermos o semblante. Começa a falar-se do dérbi do dia anterior. Ainda que combalido pela lição da noite anterior, Luciano junta-se à discussão. Afinal, a paixão pela bola fala sempre mais alto. Atira a toalha ao chão. Reconhece que o campeonato está perdido. Foi bom enquanto durou, alega.


- E agora, senhor Luciano? Como é que vai ser?
- Agora? Agora vou torcer pelo Porto.
- Então e quando o Sporting os receber para o campeonato?
- Vou torcer pelo Porto.
- Então mas você não é do Sporting?
- Sou, mas não sou de Lisboa. Sou do Norte.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Ser jornalista

A minha experiência como jornalista é tão curta que ainda hoje (com carteira profissional há cerca de três anos) sinto algum pejo em considerar-me jornalista. Sei, também, que há muita gente por aí que se considera jornalista à boca-cheia, não obstante o facto de as suas funções se limitarem a pescar notícias já redigidas em sites ou agências internacionais e pouco mais.

Ser jornalista é fazer coisas de raiz; andar numa corda-bamba sem rede por baixo, correndo o risco de ferir outros e, também, de se ferir a si mesmo. É espreitar aquele beco recôndito mesmo quando todos nos dizem que o que procuramos é impossível ali estar.
É tentar evitar clichés, frases-feitas e metáforas batidas como esta da corda-bamba sem rede por baixo.
É tentar que as nossas frases um dia venham a resistir entre aquelas que ficaram. Na história.

PS: Ser jornalista é muito mais do que isto. Vou tentando descobrir.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Adicções (parte 1)

"Adicto: Que ou quem depende de algo."
Esta definição está no dicionário priberam. É simplista, mas será a definição curta que mais se aproxima da realidade.

Faz parte da nossa natureza criticarmos o que não compreendemos. Muitas vezes, nem nos esforçamos para nos adaptarmos. Requer alguma paciência, cedências até. Dá trabalho, portanto.

A nossa tolerância para com as adicções dos outros depende da nossa abertura de espírito. Muitas vezes, a predisposição para lidarmos com a diferença gera-se bem cedo. É-nos incutida pelo núcleo familiar e lapidada através das nossas experiências em sociedade.

Em muitos casos, só compreendemos a diferença no mais difícil dos contextos: quando entramos por esse terreno. Ninguém escolhe ser dependente de algo/alguém por opção. É assim no tabaco, no álcool, no jogo, no sexo ou no amor.

domingo, 26 de janeiro de 2014

O meu 25 de Janeiro de 2004

Domingo, 25 de Janeiro de 2004. O Benfica defrontava o Vitória de Guimarães na cidade berço. Lembro-me que havia pressão sobre a equipa então orientada por Camacho. FC Porto e Sporting já tinham feito o trabalho de casa na 19.ª jornada da Liga. Por outras palavras, tinham ganho os respectivos encontros.

Faltava jogar o Benfica que, quando entrou em campo, em Guimarães, estava a 14 pontos do FC Porto de Mourinho e a nove do Sporting, então orientado por Fernando Santos. A conquista do campeonato estava fora de questão, mas os adeptos mais optimistas ainda acalentavam esperanças relativamente à segunda posição.

Como não tinha SportTV, fui ver o jogo à Casa do Benfica cá da terra, ritual que seguia sempre que o meu clube jogava em canal codificado.

Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem. Os dias em que algo de muito negativo se passa têm este efeito em nós. Teimosamente, os sacanas ficam gravados na nossa memória por muitos anos.

Cheguei à Casa do Benfica de Grândola pouco antes do jogo começar. No estabelecimento, havia duas televisões. Uma, maior, no piso da entrada; a outra ficava na cave, onde estava a sala de jogos. Era para ali que os cachopos como eu, então com 15 anos, iam. Víamos a bola, simulávamos relatos e jogávamos snooker.

Naquela noite, o jogo estava a irritar-me solenemente. O Benfica não estava a jogar nada. O relvado, pesado por causa da chuva, não ajudava e o árbitro devia estar a fazer das suas. A arbitragem é base da argumentação de qualquer adolescente quando opina sobre um jogo que o seu clube foi incapaz de ganhar.

Irritado, pouco antes do final do encontro peguei no meu Nokia 3330 (ou já seria o 5210?) e telefonei à minha mãe para me ir buscar. Não valia a pena perder mais tempo a ver aquele jogo. Quando entrei no carro, ainda estava 0-0. Procurei no rádio uma estação que estivesse a passar o relato do jogo (foi isto que ouvi). No caminho até casa, que se percorre em menos de cinco minutos, o improvável Fernando Aguiar apontou o golo que daria a vitória ao Benfica. A história do jogo estava escrita. Já não haveria mudanças. O Benfica tinha ganho e, agora, era só gerir a posse de bola ou, se não fosse possível, pontapeá-la com todas as forças para o meio-campo contrário.

Mas houve mudanças e das grandes. Poucos minutos após o golo do Robocop, à chegada a casa, o relator falava de uma lesão grave de Miklos Fehér. Em desespero, os jogadores deitaram as mãos à cabeça. Um dos comentadores da rádio que estava a ouvir, a Renascença, corrigiu a observação inicial. Não era uma lesão. Era pior, muito pior. Fehér estava inanimado, prostrado no chão.

Quando cheguei a casa, corri para o quarto. Liguei o rádio que lá tinha e escutei atentamente os detalhes da emissão. Fehér pareceu reagir às tentativas de reanimação. Pareceu, apenas.

Pouco tempo depois, já as televisões faziam directos de Guimarães. Fehér estava a lutar pela vida no hospital de Guimarães. Às 23h10 perdeu a batalha. Miklos Fehér teria hoje 34 anos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Obrigado, Eusébio

Diziam que era ouro aquele menino de 18 anos acabado de chegar a Lisboa naquela noite de Dezembro de 1960. Estava frio e Eusébio, que horas antes tinha deixado o calor de Lourenço Marques, apresentava-se no aeroporto com roupa de Verão. Interpelado ainda na Portela pelo jornalista Cruz dos Santos, lá confessou a sua arte para marcar uns «golinhos». Seis meses depois, o cachopo da Mafalala começou a marcar golos com a camisola do Benfica. Seguiram-se mais. Muitos mais. Ao todo, foram mais de 700 em jogos oficiais. Golos, golinhos e golaços. 

Nunca vi Eusébio jogar a não ser em vídeos. Por isso, Ele, o King, será sempre melhor do que aquilo que eu conceba. Mas desde criança que me habituei a ouvir o meu avô falar sobre os feitos daquele Benfica da década de 60. Do mundial de Inglaterra, das taças dos campeões europeus ganhas, das finais perdidas e da equipa de luxo constituída por Eusébio, Simões, Águas, José Augusto, Coluna, Torres, Costa Pereira, Germano, Cruz, Jaime Graça, entre outros, e que granjeou admiração pelo mundo fora. Nunca precisei que ele me explicasse o que representava o nome de Eusébio para o Benfica e para Portugal. À medida que fui crescendo, ganhei admiração pelos grandes nomes da história do futebol. Curiosamente, não vi jogar os homens que mais admiro neste desporto. Di Stéfano, Puskás, Pelé, Eusébio, Beckenbauer, Johan Cruyff... «Nem sabes o que perdeste», dir-me-ão os mais sortudos. 

Sempre me fascinou muito mais o passado do futebol do que o presente. Não troco uma tertúlia com os senhores de idade que frequentam a tasca do senhor Luciano, ali no Campo Grande, e que tanto puxam à memória acontecimentos com 30, 40 e, até, 50 anos, por uma conversa sobre quem é o melhor ponta-de-lança da selecção portuguesa. O passado é cultura. E a cultura é o que nos transforma nos seres que somos hoje. 

Escrevo (escrevi) este texto no dia em que Eusébio chegou à sua última morada. Estive no Estádio da Luz ontem e hoje. Vi no rosto de centenas de pessoas a profunda tristeza de quem vê partir alguém próximo. Ou de quem sente partir um pedaço de si, como disse António Simões, o seu «irmão branco». Eusébio, o menino da Mafalala que chegou à metrópole há mais de 50 anos, era cultura, por mais que certos tipos que andam por aí lhe chamem inculto. Era um pouco de todos nós. E continuará a ser.

(Texto também disponível neste link)
http://www.zerozero.pt/coluna.php?id=575